O homem do chapéu está a ficar velhinho. Sempre teve muita vida, muita força. Era um homem rijo, brincalhão, gozão, resmungão. Uma dor abateu aquela "vida". Continuou a dar o seu melhor para não parar. E assim foi durante um bom período de tempo. Agora, uma queda. E caiu mesmo. Caiu ele e caíram mais alguns com ele. Deixou de ser um homem rijo para passar a ser um homem frágil, com olhar cansado, com falhas de memória, um homem diferente.
Da última vez que o fui ver estava apenas vivo. De resto, estava vazio. Não voltei lá. Talvez por medo daquilo que iria encontrar, ou pelo facto de não saber o que dizer, ou ainda com receio de que me pergunte quem eu sou. Sinto culpa por não ir visitá-lo. Às vezes, simplesmente não me lembro, outras, quando me lembro, não tomo a visita como prioridade e sei que mais tarde, esta atitude será um arrependimento irremediável. A verdade é que sempre que olho para ele lembro-me dos seus filhos, um a um, naquilo que estão a sentir e dá-me vontade de chorar e de parar o tempo. O homem do chapéu está a ficar velhinho... e os seus filhos também. Se há coisa que não consigo imaginar é a velhice dos que me são mais queridos.
1 comentários:
o homem do chapéu está velhinho e todos caminhamos na mesma direcção. a ciclo da vida não poupa ninguém e o melhor que temos a fazer é aproveitar ao máximo todos os dias, conscientes de que estamos em contagem decrescente.
não fiques triste, visita o homem do chapéu e aproveita a companhia dos que cá estão! :)
Enviar um comentário